sábado, 19 de outubro de 2013

Carona no vento para o horizonte

Encostar no parapeito da janela da varanda é um êxtase. Não porque as águas do mar estão alegres e dançantes quebrando umas sobre as outras, mas porque o vento que as move parece bater em minha janela pedindo para entrar. Indubitavelmente, abro. E ele me abraça: salgado por natureza, doce por elucidação poética.

A brisa do mar cheira à liberdade. E eu me deixo levar. Sinto o corpo desconstituindo. E como pequenas partículas livres e sem rumo diante de um sopro forte, vou cambalhotando brisa afora.

É que eu sempre tive vontade de tocar o horizonte. E, disfarçada de ser humano, como ando ficando com certa frequência, estava impossível. Descobri que para alcançar horizontes era preciso estar despido: de roupas, preceitos, pré-conceitos, sangue nas veias. Por que somente os humanos possuem sangue nas veias. E no horizonte é preciso deixar tudo isso para trás.

No lugar do sangue, sonho. No lugar de ser humano, apenas o verbo ser.



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