Entenda de uma vez por todas que eu sou uma pessoa inteira. Minha pele envolve um corpo não apenas vivo, mas permanentemente em chamas. Eu solto faíscas.
Gosto de sentir cada partícula que envolve esse nosso sexo, porque se não fosse assim eu não seria capaz de perder o meu tempo. Eu amo o amor, e não necessariamente você - isso vai depender muito. Mas por amar o amor eu me envolvo, e por ser inteira eu também te engulo inteiro. Pra mim é tudo ou nada. Não tenho mais espaço pra momentos vazios, porque meus poros jorram vida com uma intensidade incompatível com qualquer tipo de frigidez. Não quero que você me coma. Quero que me mastigue, lamba os beiços, chupe os dedos. Quero que acenda a luz. Que decore as curvas do meu corpo, o formato dos meus seios e que se compadeça dos meus gritos mudos para não acordar a vizinhança. Quero que me dê carinho, faz que vai dar beijinho, e bem baixinho, diz que sou a sua puta. Pois te gosto com doçura, mas te quero com malícia.
Enquanto você for água, te bebo pra matar a minha sede. Quando você virar fogo, a gente se consome até o fim. E apesar de tudo isso, às vezes, ainda me sinto covarde. Um pouco mais de coragem e eu dava um jeito de a gente sucumbir no ato, só pra saber como é morrer de amor.
Veja bem: escrevo-te não porque desejo respostas. Escrevo-te porque transbordo. Mas são sentimentos tão livres que não seriam capazes de prender-te a lápis e papel para responder-lhes. O que sinto é como o pássaro que te acorda docemente pela manhã, oferece-te um canto despretensioso e voa... Ele não espera que tu abras a janela para admirar-lhe as notas afinadas e cantar-lhe de novo. O canto do pássaro entra pelas frestas adentro porque é leve, fluido e desafetado. Assim, exatamente assim, te ofereço essas palavras.
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